Ideias de Significado em Dança - Prelúdio

Um pedaço de corpo poderia permanecer inerte por longos anos sendo alimentado por doses regulares de oxigênio, água e nutrientes. É natural que ele perca a habilidade mecânica que lhe é própria, visto que a manutenção desta pressupõe alguma repetição; da mesma forma, torna-se presente uma nova realidade à qual a extrema adaptabilidade deste corpo o faz sentir-se habituado.

 

Esta questão traz à luz do pensamento algo que poderia ser relacionado ao silêncio do corpo, um estado de presença no qual, apesar da vida conceitual estar presente, o corpo não mais funciona como um meio onde a transmissão de algum tipo de estimulo é possível; cessa a comunicação entre meio interno e externo e eventualmente este corpo estará isolado do resto do mundo.

 

Certamente este ser que aqui se faz em hipótese, confinado à inércia de seu próprio corpo, continuará sendo reconhecido como vivente, em forma corpórea e essência; contudo, o que coloca-se como questão é a efetiva troca de signos entre duas esferas particulares, a ação como pressuposto desencadeador da relação ação-reação e a quebra desta ordem quando uma das partes encontra-se em estado de inaptidão ao diálogo.

 

Desconsiderando a causa da mudez deste corpo, e assumindo o seu descolamento do mundo como inevitável, seria incoerente afirmar que algum tipo de ação é necessária para que um organismo seja percebido como um ser, e como tal possuidor das características estereotípicas que concedem a ele a condição humana? Dito isso, eu me pergunto ainda: Para além da ação produzida por ele mesmo, o que faz um indivíduo estar presente no mundo e ser reconhecido por seus contemporâneos como um exemplar de sua espécie?

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